SÃO PAULO - Ela pode não ter a popularidade de Gisele Bündchen, mas no mundo da moda a top gaúcha Raquel Zimmermann, de 26 anos, é célebre. Famosa por seu profissionalismo e versatilidade, a modelo número um do mundo atraiu atenções no hall do Hotel Fasano, em São Paulo, onde está hospedada até esta quinta-feira, em mais uma de sua muitas passagens relâmpago pelo Brasil para trabalhar. Em menos de trinta minutos, enquanto durou a entrevista dada com exclusividade ao GLOBO, o modelo e DJ Jesus Luz, namorado de Madonna, a viu e foi se apresentar. Pouco depois foi a vez da top Naomi Campbell (no Brasil para estrelar a campanha da marca Morena Rosa) dar de cara com a brasileira ao sair do elevador e despejar sobre ela efusivos elogios.
- Nossa, que coincidência. Estava agora mesmo falando que acho você a melhor modelo brasileira. Sua versatilidade é incrível. Você é capaz de se transformar totalmente - disse Naomi, para quem quisesse ouvir, antes de abraçar Raquel.
É o tipo de elogio que Raquel está começando a se acostumar a ouvir. A própria Gisele Bündchen falou o mesmo que Naomi, passando a coroa. Mas Raquel não a levou muito a sério, afinal, segundo ela, "Gisele é Gisele".
Raquel chegou em São Paulo na terça-feira e desfila na São Paulo Fashion Week com exclusividade para a Animale na noite desta quarta e viaja para Paris na quinta, onde estrela mais uma campanha. Mas não vai dar tempo de sentir saudades. Ela volta em breve para uma estadia de três dias, período em que vai fotografar a campanha da mesma grife carioca.
- O prazer que sinto em estar no Brasil é de encontrar as pessoas que eu gosto - diz Raquel, feliz por poder em tão curto período de tempo vir duas vezes a seu país.
Com 11 anos de carreira, Raquel vive um momento de muito trabalho. Só em 2009, estrelou campanhas das marcas Marc Jacobs, Fendi, Hugo Boss, Oscar de la Renta, Shiseido e Gucci, além de inúmeros ensaios para as revistas "Vogue" americana e francesa. Se considera privilegiada por ter uma profissão que a permite viajar e ganhar bem. Mas avisa que nada cai do céu.
- Chego no horário, sou amável e colaboro com todos os envolvidos, desde o fotógrafo, até a camareira. Sou apenas mais uma peça em uma engrenagem de dezenas de pessoas. Interesso-me pela imagem que a marca quer passar, o público que quer atingir. Para mim, ser modelo é mais do que ter um rosto bonito - explica com simplicidade.
A gaúcha mora em Nova York, e divide seu tempo trabalhando entre Paris, Londres e São Paulo. Leva uma vida de casada com o fotógrafo chileno Rui Sanchez Blanco há sete anos. Começaram a namorar em 2001. A top não faz questão de casar de papel passado, mas planeja ter filhos. Mas não antes dos 32 anos. Quer aproveitar ao máximo o bom momento profissional antes de reduzir o ritmo.
- Seria bobagem eu falar agora 'vou parar e fazer outra coisa'. Se está indo tão bem, tenho que aproveitar e agradecer. No futuro, penso em diminuir o ritmo de trabalho e estudar. Não exatamente fazer uma faculdade, mas cursos de coisas que me interessem.
Ao contrário de muitas colegas de profissão, Raquel não sonha ser atriz ou apresentadora. Sua agente nos Estados Unidos citou como exemplo Linda Evangelista, que continua a fazer campanhas aos 42 anos. A brasileira não sabe se irá tão longe, mas considera a perspectiva animadora.
- Não sou obcecada por fama. Não penso que depois de ser modelo eu tenha que ser algo maior, como atriz, cantora ou apresentadora. Não é isso que vai me deixar feliz. Quero estudar e ser uma pessoa maior - diz..
A receita de beleza de Raquel é moderação. Nenhuma fórmula mirabolante. Sempre que pode, ela se exercita ao ar livre: gosta de correr em parques ou na praia. Não come demais, mas também não passa fome. Para tratar da pele e dos cabelos, não vai além do normal: limpeza, hidratação e filtro solar.
- Sou equilibrada em todos os sentidos. Não faço nada em excesso ou em escassez - ensina, mas avisa que a genética sempre foi sua aliada.
Alta e magra, com um rosto de traços clássicos, Raquel considera a versatilidade seu principal diferencial. Ela consegue se metamorfosear a cada campanha ou editorial.
- Além da minha imagem não cansar, isso é ótimo, pois não costumo ser reconhecida nas ruas e levo uma vida normal. Mas o mercado de moda, que é o que importa, me conhece - conta a modelo, que contradiz a teoria de que só celebridades têm vez no mundo da moda. - Acredito que ainda há lugar para modelos.
No topo da lista de melhores modelos do mundo do site de referência Models.com e prestes a avançar mais um degrau, chegando ao nível de "top icon" ao lado de Gisele Bündchen, Claudia Schiffer e Kate Moss, a gaúcha está feliz com o reconhecimento. Mas não se deslumbra, mantém o pé no chão e a política de muito trabalho e dedicação.
- Foi muito bom não ter deslanchado na carreira de um dia para o outro. Tive que trabalhar durante anos e fui me estabelecendo aos poucos. Foi um processo natural, nada mudou.
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